Fragosas brenhas do mataréu
Um jovem de cerca de 15 anos se vê abandonado após a morte da mãe. Ele seria apenas um adolescente, mas estamos no século XVI, em Portugal, onde garotos precisam se tornar homens muito cedo, e a fé, em vez de reconfortar, fomenta o ódio e o medo.
Órfão, ele é condenado a trabalhar na frota ultramarina portuguesa e empreender a maior de todas as aventuras: a arriscada viagem para o Novo Mundo, para as terras de um Brasil ainda em formação, de matas intransponíveis, rios abundantes e povos tão misteriosos quanto perigosos.
Durante a jornada, o jovem narrador-protagonista vai descobrir o fascinante choque entre o conforto das verdades estabelecidas e o desassossego de uma vida pulsante e repleta de encontros, indagações, paixão, amizade.
Após uma extensa pesquisa, refletida tanto na minuciosa reconstrução da época e dos personagens como na linguagem da narrativa, Ricardo Azevedo aguça nossa imaginação com esta leitura deliciosa. Fragosas brenhas do mataréu se mostra um verdadeiro estudo sobre as condições de vida no Brasil Colônia em seus primeiros anos e traz à tona questões ainda nebulosas sobre esse período: como viviam os colonos, como eram constituídos os povoados e quais eram suas relações com o Reino, com os índios dominados e com as tribos do interior? Entre outros temas, o autor descortina ainda o embate e a miscigenação entre diferentes culturas, crenças e mentalidades presentes na construção do país.
Ao mesmo tempo que rememora os primórdios de nossa história após a Conquista, Ricardo Azevedo arquiteta nesta aventura uma emocionante metáfora sobre o amadurecimento. Nela, o sentido e a doçura são prêmios para os viajantes corajosos e dispostos a empreender uma jornada para dentro de si.